quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009


Uma Transferta dos Diabos

O dia começou cinzento, o ambiente carregado com a ressaca do dia anterior. Mas toca a levantar, é dia de clássico. Não sou desses de ir apenas aos jogos grandes, vou quando posso, mas quando não vou, custa-me imenso ver pela televisão, e sentir que estou longe do meu Benfica. Hoje sinto-me diferente, há algo que me enche de adrenalina. A concentração fez-se cedo para fortalecer os laços entre a família do Norte, pois este é o nosso primeiro jogo, após o ressurgimento dos D.V Norte. No local combinado já esperavam umas boas dezenas de camaradas, juntei-me a eles. Como é habito, alguns atrasos a mistura, lá fomos pondo a conversa em dia, e tirando algumas fotos para a prosperidade.” Acho que estamos todos”, disse alguém, -“ borá lá para a estação”. Chegados a estação já nos esperando outros tantos, cerca de duas centenas seriamos. Bom numero, que nem sempre é sinónimo de qualidade, mas aqui isso não se aplica. Com muito álcool a mistura, os comboios chegam e são invadidos pelas gentes do Norte, a euforia transborda, e os cânticos intensificam-se com a proximidade da dita cidade “inbicta”. Vão esvaziando as carruagens, e dá-se a concentração dos Ultras Benfica, mesmo em frente a estação, a nossa espera está um contingente impressionante de p.s.p. Espera-se pela última carruagem, e estamos todos. Fosse eu ingénuo diria que o percurso estaria a ser muito demorado, o que em situações normais se fazia em 20 minutos, demorou a volta de uma hora. Pelo cominho as habituais bocas, confesso que maior parte não entendi, será que estamos realmente em terras Lusas? Não parece… Chegados ao Dragum, assistimos ao que todos sabem, e acho que aqui já foi referenciado, e bem, alguns actos do sucedido, embora não estejam todos. Começo a estar um pouco farto disto, só tenho receio, é que algum dia faça algo, de que me venha arrepender para toda a vida. Fui mandado para outra porta, eu e mais uns quantos, e sou interceptado por uma mulher para tirar as sapatilhas, o meu grupo exalta-se perante aquilo, e furou a barreira das revistas, penso que só o conseguimos por sermos dos últimos. Entramos no estádio por volta dos 40 minutos de jogo. Foi abrir a bandeira e gritar golo, o sector visitante vem abaixo, muito fumo a mistura (parece que não viram tudo seus cães raivosos), mesmo acabar a primeira parte. Era o prémio merecido, depois daquela espera. Só no intervalo consegui realmente fazer a retrospectiva dos presentes, sempre fui mau a estatística, mas arriscaria num número superior a 2500. O nível vocal foi sempre muito bom, muitas vezes todos a uma só voz, magnifico, parecia que jogávamos em casa. Quanto ao pouco que vi do jogo, achei que foi bem disputado, sem grandes casos, tirando claro o penalti, para mim isso não é um caso, mas sim um absurdo. O Porto empata como toda a gente sabe, e o resultado mantêm-se até ao fim. Não digo que o empate seja injusto, o que é injusto é perder dois pontos desta forma. A habitual “hora da espera”, foi passada a recordar velhas caras, companheiros a muito não vistos, etc… A ida para Campanhã, por muito espanto que cause a todos, foi feita a boa velocidade, ou não estariam eles já mortinhos para ir para a beira dos seus. O regresso foi tranquilo, salvo uma ou outra pedra que era atirada por alguns covardes. A manhã seguinte foi muito puxada, visto as lindas horas a que todos chegamos a casa. Como se costuma dizer: a primeira vez é sempre inesquecível. Bom mote para todos, vamos ver se a mentalidade se mantém.


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009


Suspeitos do costume

Chegaram-nos vários e-mails relativos as injustiças sofridas neste Domingo, com isso, resolvemos publicar este testemunho, como forma de evidenciarmos o sinal da nossa revolta:

“Estava mais ou menos a meio da fila para entrar, e entretanto formou-se um cordão mesmo a minha frente, separando assim a fila em duas. A revista era feita a conta gotas, e depois de termos chegado com tempo suficiente para dar vazão aquele pessoal, reparamos que havia pessoas que pareciam que gozavam connosco, com a forma como faziam a revista, até as sapatilhas eram exigidas que se tirassem. É lógico que o pessoal começou a revoltar-se, ninguém gosta de pagar por uma coisa, e só poder usufruir de metade do espectáculo. A medida que o jogo ia decorrendo, cá fora as coisas iam aquecendo. Houve empurrões, na qual a policia respondeu prontamente com na mesma moeda, acompanhadas de bastonada. Insultos e provocações foram uma constante. Face a isto, decidi filmar o sucedido. Após breve segundos de filmagens, um dito “comandante”, agarrou-me num braço, e transportou-me para trás das carrinhas. Aí fui prontamente agredido por dois agentes, e consequentes ataques verbais. “O que fiz”? Perguntei eu. “Tas a filmar esta merda por alma de quem caralho…? Queres meter no youtube é? Põem-te fino, olha que ainda danças mais” Face a estas intimidações, e estando rodeado por cinco polícias, a minha atitude não foi para além de exigir explicações para tal actos. Não podes andar com máquina fotográfica. - Desde quando? Perguntei, - desde que mando aqui, e acabou-se a conversa. Eu disse-lhe, - sr. Guarda quem não deve não teme. Dito isto, logo uma bastonada, retira-me o cartão de memória da máquina, e esmaga-o a minha frente. Arrasta-me até uma porta de entrada, e manda-me aguardar. O que fazemos com este, já lhe fodi as fotos, - Deixa-o ir que eu hoje estou bem-disposto. Saí de lá, e de imediato foi invadido pelo sentimento de revolta, porque isto? Eles podem-nos fazer tudo o que querem, e nós nem sequer podermos esboçar umas meras palavras? Entrei dentro do estádio já no intervalo, mas apenas o motivo de o Benfica estar a frente do resultado, fez com que o meu ânimo muda-se de figura. Hoje mais bem reflectido, penso que deveria ter confrontado mais aqueles grandessíssimos… mas na altura… Voçes sabem. Escrevo para que outros que passem pelo mesmo, não se calem, isto não pode continuar, temos que por um ponto final. Isto depende de mim, depende e de ti, depende da nossa força de união para lutarmos contra isto.”
Anónimo.

O outro sinal de revolta vai direitinho as altas patentes, vocês sabem quem são. Depois de vários dias de trabalho, e muitas horas despendidas com a realização de uma tarja, foi-nos negada a entrada da mesma. Motivo: “é bastante explícito o sentido provocatório da frase”. Encontrem a provocação nesta frase: “O norte tem mais encanto, vestido de vermelho e branco”; é que sinceramente eu não encontro nada de conteúdo provocatório. Mas como é costume dizer, cada um retira as suas conclusões.