terça-feira, 31 de agosto de 2010

Não ao futebol moderno, Parte II

Acorda, ainda vais a tempo. Queres ter um Benfica S.A, ou um Benfica de todos? Acham que Cosme Damião fundou o Benfica para se tornar um negócio de poucos, á custa de muitos? Onde seja legitimo separar o rico do pobre por sectores? Afinal o que nos une? Há uns anos atrás a resposta seria, o S.L. Benfica, mas hoje estou confuso e as prioridades alteram-se com o sabor do vento. Luta pelo que é teu, luta pelos velhos valores e os velhos hábitos, luta por aquilo que acreditas.

Não ao futebol moderno, Parte I


"Sejam benvindos a uma viagem pelo futebol moderno. Uma viagem com algumas curvas e descidas rápidas e imprevistas. Talvez não seja segura e com curvas a mais, mas no estado das coisas, fá-la-emos inexoravelmente. Apertem os cintos. Peguem nas coca-colas a três euros que vos vendem no estádio (apesar da vossa garrafa comprada no supermercado não poder entrar porque, afinal, vocês podiam atirá-la, não é verdade?) e imaginem por agora, que são adeptos do Farense daqui a - sei lá - quinze anos, estão nas distritais e vão jogar para a Taça (o Farense faz uma boa campanha e tal...) e calham com uma equipa de primeira divisão: o Algarve United. Os comandados do mítico Gazza têm um equipão. Vocês têm o Carlos Costa a treinador e onze juniores. Querem entrar no estádio Mac Donalds (fizeram até cartazes com "Invasão ao MacDonalds", inconscientes do rídiculo que tal seria nos anos 80), antigo estádio Faro - Loulé para abafar o estádio. Mas as coisas já não são como antigamente. Não há frases, não há estandartes, não há nada. Os adeptos do Farense já são poucos e a maioria não vai ao estádio. Os poucos que vão... são espalhados pelo estádio. "Sector ospi...quê?!" dizem-vos os seguranças. Um na central, outro no topo, desculpem-me, enganei-me: um na bancada nokia, outro na singer e outros ainda - espalhados, claro - na siemens. Todos sentadinhos, quais cordeiros sedados. Vêm a vossa equipa levar 8 - 0 sem passar do meio campo e os que de vós já estão habituados a este "novo futebol" até aplaudem o golo de calcanhar que a estrela da equipa do A. United marcou. Já enjoados com a viagem? A coisa mal começou... Dispam agora essa camisola imaginária e vistam a do Manchester United. Perdão, Glazer United (afinal, avançámos no tempo, não foi?). As camisolas azuis (sim, porque a cor preferida do Glazer é essa e vocês não podem senão acenar aos caprichos do homem) brilham pelo relvado e até o melhor marcador da Premier League, o vosso querido Rooney, festeja os golos indo ao microfone do spekear: "Eu compro os produtos X - Glazer. Se queres ser como eu, fá-lo também!" Ah, como a criançada fica feliz! Os vossos filhos, muito antes de insultarem os adeptos do Arsenal que sofreram o golo pedem-vos, clementes: "Eu quero ter o produto X, Papá!" Mas logo alguém manda o puto sentar-se. Afinal, o golo é para se festejar só com umas palmas, sem reacções que tapem a visibilidade ao adepto atrás de nós. E apesar de tentarem explicar ao puto que foi golo no último minuto e que o Arsenal já não vai à fase final do torneio G8 (o mais prestigiado da altura, só para clubes com receitas de marketing acima de y milhões - torneio em que o Man Utd só entrou devido à contratação de um craque de publicidade), ele continua a borrifar-se para essas rivalidades que até lhe podem dar chatices na escola. "Quero o 5º equipamento alternativo, Papá. O amarelo e roxo do Cristiano Ronaldo." As tonturas consomem-vos, viajantes? A pressão está de facto muito baixa nesta cabine? Não acreditais no que vês? Mas e se fossem adeptos do Chelsea, tri - campeão europeu, com Mourinho ainda como treinador mas desta vez só com jogadores russos, com o primo de Abramovich já a guarda - redes? Já festejavam e congratulavam este futebol? Em que o jogo pára para se ver se foi fora de jogo e onde há 11 substuições para cada lado e descontos de tempo que a pay - tv aproveita para por os patrocínios que estavam nas camisolas dos teus ídolos? É só uma questão de adaptação, não é? No fundo, aquilo que aconteceu ao Salgueiros jamais acontecerá ao teu clube e tu não podias ter ido à manifestação de apoio ao clube - apesar de ser o clube da tua terra - porque estiveste no banco a pedir um empréstimo para comprares o teu lugar anual. É chato, mas pronto, isso só acontece aos outros. Vómitos? Então, caro adepto? Enjoado? Enojado? Parece inverosímil, não é? Parece um conto de terror que eu inventei, certo? Agora olha à tua volta. Vê o monstro que se apodera do nosso jogo a cada dia. Senti-lo? Vê-lo? A rir-se da tua religião, da tua fé que se ama símbolos parvos e insignificantes como faixas, nomes e cores das camisolas. Consegues vê-lo? Olha para ele a invadir-te a televisão, a comprar jogadores que vendem mais camisolas que o teu jogador da casa, e que lhe vai roubar o lugar porque é mais popular para as audiências.... Hoje perdes isto, amanhã aquilo e depois... Vê bem como já te tiraram as tochas, como já te roubaram os três estrangeiros (e isto não é uma questão de xenofobia, é uma questão de não por os clubes ricos mais ricos e os pobres mais pobres!) e começam a puxar devagarinho os nomes dos estádios... Hoje perdes isto, amanhã aquilo e depois... Olha como já há mais publicidade que propriamente camisola, como já tens que levar com quarenta panfletos de empresas patrocinadoras e já não tens um topo, uma central ou uma curva, mas uma marca qualquer... Hoje perdes isto, amanhã aquilo e depois... Esquece as tardes de domingo mágicas e os velhos com rádio ao ouvido. Esquece as bifanas e as cervejas. Esquece isso. Hoje perdemos isto, amanhã aquilo e depois és tu. Depois são os adeptos a ser vendidos. Depois vamos ser nós a tranformar-nos. Vamos deixar os caxes em casa deixar porque podemos sempre comprar um na loja do clube. Vamos deixar as bandeiras porque eles dão-nos no estádio umas com o símbolo de um lado e um patrocinador do outro. Vamos deixar as faixas porque não significam nada num futebol sem visitante e visitado, sem derbies e loucura.
Amanhã somos nós. Amanhã somos nós que acabamos.
Por isso depois de vomitares e chorares de raiva, depois de suportares a dor, acorda e luta. Nem que estejas no Chelsea a ganhar, não podes concordar com isto.

Contra o futebol moderno!!"

Texto retirado: http://diariodeumultra.blogspot.com

Pois é meus amigos, afinal a coisa esta mais preta que pensávamos. Afinal não é apenas o Salzbourg. Muito se diz por essa Europa fora que os Ultras são a ultima “forma viva” do futebol não moderno, isso será mesmo verdade em terras Lusitanas? Pois claro que não, temos grupos que se menosprezam, e se entregam as boas graças das direcções dos seus clubes, servem de porta-voz de prazeres pessoais, retirando assim o pensamento auto-critico que sempre nos foi referencia. Não, isto não se passa apenas nos outros clubes, passa-se de igual forma na Luz, onde se apoia no sector coca-cola, onde já nem se põem a faixa porque lá fica melhor um ecrã publicitário, porque já nem se pode entrar com muitas bandeiras, porque tapa a visão dos sócios, já nem podes saltar muito, se não parte a cadeira, e que logo de seguida apresentam-te a conta para uma nova, já não podes levar estandartes alusivos ao grupo, por causa da legalização, (ainda acreditam mesmo que é essa a causa?). E estou apenas a focar aspectos que nos são mais chegados, se formas a fomentar mais um pouco a temática das transmissões televisivas, das transferencias dos jogadores, dos preços dos bilhetes, da repressão... Penso que estaríamos aqui horas, e outras alturas não faltarão para falarmos sobre o mesmo. O futebol morre quando os próprios ultras compactuam com esta maneira de ser, moribundos e desinteressados, plenos seguidores de uma vida austera. Como refere o autor deste excelente texto, hoje morre uma coisa de nada, amanha morre outra, e depois acabamos por morrer nós.

O movimento necessita disto: